o cuidar

       Nesta galeria, demonstramos a preocupação com a saúde e o bem-viver do/a trabalhador/a por conta própria. É preciso atentar para as condições precárias às quais eles e elas estão expostos/as.

        Na página oficial do Ministério do Trabalho e Previdência encontramos as orientações sobre Segurança e Saúde no Trabalho para os Microempreendedores Individuais (MEI) – as chamadas fichas SIT/MEI. Sobre elas, temos a seguinte descrição: “Trata-se de lista exemplificativa, devendo cada profissional avaliar riscos adicionais e/ou relacionados à sua situação específica.” Portanto, é com a égide do individualismo insidioso que nos deparamos. É preciso construir novas formas de relacionamentos e coexistência como ser no mundo, afinal, a saúde e o bem-viver são um bem coletivo. De uma forma geral, o museu digital é uma composição de narrativas dos/as trabalhadores/as por conta própria, cujo principal interesse não é nem romantizar nem enaltecer a desigualdade social, algo tão drástico em terras baianas. Desejamos, na verdade, junto com eles/elas, demonstrar tanto aquilo que é positivo, quanto aquilo que é negativo no labor do dia-dia. É uma tentativa de apresentar para o grande público os saberes e fazeres de nossa gente, efetivamente maltratada pela carência de uma política pública radical vinculada ao bem-viver. O bem-viver se finca na cosmovisão dos povos originários e, como diz Krenak, trata-se de vermo-nos como parte da nossa terra amada, e não como seres únicos e excepcionais neste ecossistema. Reconhecer que a nossa gente não tem uma vida fácil, inclusive com dificuldade de acesso a bens materiais, já nos diz declaradamente que eles/elas estão preparados/as para viver sob a égide do bem viver, uma vez que é evidente que estamos distantes do bem-estar social como lógica. O bem viver não nos prepara para que possamos ter em mente uma vida cômoda, para uma sustentabilidade individual na qual estamos posicionados no mundo ou para consumir a natureza num movimento predatório. O bem-viver traz uma lógica planetária de conexão com as coisas e os seres que somos.

        É importante reconhecer que as informações que iremos recepcionar nas galerias deste museu não são meras e lindas imagens. São aprendizados de um saber tradicional, sem a ideia de desperdício, que também dão conta do nosso afrofuturismo.

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